quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Índice

  1. Introdução
  2. As cidades
  3. Aspectos morfológicos das cidades
  4. Problemas urbanos
  5. Soluções para alguns problemas urbanos
  6. Funções das cidades
  7. Conclusão
  8. Bibliografia

Introdução

Com este trabalho esperamos aprender mais sobre as cidades, os prós os contras, as funções, os problemas de uma cidade, as soluções etc

As cidades

O aparecimento das cidades foi uma consequência da agricultura e da fixação do Homem a um determinado lugar. Antes do Homem se dedicar à agricultura, não havia cidades, quanto muito, havia aldeias, mas sem carácter de fixação permanente, ou seja, como o Homem era essencialmente caçador e recolector, ele vivia em grande intimidade com os ciclos da Natureza: iam para onde a Natureza lhe proporcionava alimento.
Com a agricultura, o Homem já podia armazenar alimentos, pelo que começaram a surgir aglomerações populacionais com um carácter permanente.
Como é óbvio, é perfeitamente plausível que os primeiros locais que mais atraíram as populações para uma fixação permanente, foram locais que pudessem garantir a sobrevivência desses agrupamentos humanos. Assim, esses locais tinham obrigatoriamente de possuir água (naquele tempo não havia ainda poços nem muito menos água canalizada), pelo que os locais planos situados nas margens do rios, foram os privilegiados.  Estes locais além de fornecerem água também mantinham as suas margens ricas em nutrientes, o que era óptimo para a agricultura, sendo solos férteis. E também forneciam alimento através dos peixes.
Sabemos pelo estudo da História, que grandes rios (como o Nilo -  em África, o Tigre e o Eufrates - na Mesopotâmia [actual Iraque], o Indo e o Ganges - na Ásia/Índia) foram o berço da grandes civilizações, o que não é de estranhar, pois reuniam as condições acima descritas. O aparecimento de cidades, que foi fruto da sedentarização do Homem, deu origem a outras cidades e outras actividades...
Em geografia chama-se o sítio à localização exacta do espaço que originalmente deu origem à cidade.
A escolha desse sítio, não era feita ao acaso e correspondia a determinadas necessidades: circulação, trocas comerciais, defesa. Deste modo, começaram a surgir cidades com formas diferentes e com funções diferentes.

Aspectos morfológicos das cidades - Tipos de plantas.

O estudo das várias plantas que possam existir numa mesma cidade, permite observar a evolução desse centro urbano ao longo dos anos. A maior parte das cidades não apresenta um plano original homogéneo, mas sim a sobreposição de dois ou mais tipos de plantas, cada um deles, correspondentes a épocas distintas.

PLANTA IRREGULAR: Este tipo de planta (ou malha urbana) é característica das cidades muçulmanas e medievais. As edificações mostram que a cidade com este tipo de planta, cresceu de forma desordenada: os edifícios estão construídos em cima uns dos outros, as ruas são muito estreitas, tortuosas e muitas vezes acabam em becos sem saída, muitas dessas ruas mais parecem uns labirintos, por vezes com escadinhas e calçadas impedindo ou dificultando a circulação de veículos.
Esta planta de crescimento anárquico e desordenado, surge em muitos centros urbanos, principalmente nas áreas centrais e mais antigas. São exemplos em Portugal deste tipo de plantas, algumas áreas das cidades de Lisboa (Alfama e Mouraria) e algumas áreas históricas do Porto e Évora.
Planta irregula


PLANTA RADIOCONCÊNTRICA: Este tipo de malha é comum na maioria das cidades europeias e, geralmente, tem a ver com uma função defensiva que remonta à Idade Média.
São típicas de cidade que possuíam uma muralha defensiva e, à medida que a cidade ia crescendo, as muralhas iam sendo destruídas e substituídas por outras com um raio maior. No lugar das antigas muralhas, iam sendo construídas ruas, que eram "cortadas" por outras com acesso ao centro da cidade. Também podem ter surgido como uma adaptação ao lugar, ou seja, como adaptação ao relevo: em locais em que o sítio da cidade era numa colina, um traçado radial e em círculos concêntricos seria o mais apropriado às condições naturais dos terrenos.
São inúmeros os exemplos de cidades com este tipo de planta. Por vezes, quando havia espaço suficiente e se construía de raiz uma cidade (normalmente fortalezas), usava-se este género de planta, que originou bonitas figuras geométricas, como é o caso de Palma Nuova  


Planta radioconcentrica Amesterdão 


Planta radioconcentrica Palma Nouva


PLANTA ORTOGONAL: As cidades com este tipo de planta apresentam um traçado geométrico muito regular, com ruas direitas e perpendiculares, formando entre elas ângulos rectos (de 900).  Este formato urbano está adaptado a áreas planas e sem limitações espaciais ao seu crescimento. Por isso foi muito usada na construção das cidades do "Novo Mundo". Mas este tipo de plantas remonta ao tempo dos gregos e dos romanos (que usavam sempre este "esquema" nos acampamentos das suas legiões). O desenvolvimento dos transportes e o uso do automóvel particular, fizeram que esta fosse o tipo de planta mais generalizado em todo o mundo. Porém também apresenta alguns inconvenientes.
Embora seja um género de planta mais vulgar nos EUA, como foi referido no início, muitas cidades, ao longo do seu desenvolvimento e crescimento, adoptaram diversos tipos de plantas. Assim, é também comum ver cidades portuguesas com este traçado, como é o caso de Espinho, Vila Real de Sto António, a baixa lisboeta, etc...



Planta ortogonal de Chicago


Planta ortogonal de Real Santo António          


Problemas urbanos

Dum modo geral, quanto mais antiga e maior for uma cidade, mais diversificados e mais complexos vão ser os problemas que se reflectem directa ou indirectamente nas populações urbanas, afectando-as física e psicologicamente. Eles são tantos que é sempre muito difícil fazer uma abordagem, por mais simples quase seja, de todos eles, com a agravante de que quase todos os problemas estão interligados. Vejamos os mais vulgares :



transportes e trânsito - é possivelmente um dos maiores problemas urbanos, principalmente nas áreas mais antigas das cidades, em que as ruas estreitas e tortuosas, anteriores ao séc.XIX, não escoam o trânsito, com realce para as horas de ponta. Engarrafamentos, lentidão (pára/arranca), nervosismo, cansaço, são as consequências diárias do trânsito caótico que a maioria das cidades alcançou. Relacionado com esta situação há ainda a questão do estacionamento, já que as cidades dificilmente respondem a esta necessidade. Os transportes públicos são muitas vezes poucos para as necessidades e a qualidade dos mesmos não é competitiva com o carro particular.

Poluição - Tanto a poluição atmosférica como a poluição sonora são dois terríveis problemas que as cidades da actualidade têm de enfrentar. As chaminés de algumas fábricas (embora cada vez menos), os escapes de imensos veículos e outras tantas fontes poluentes, tornam a atmosfera urbana, muitas vezes, irrespirável. Além destas formas de poluição, convém igualmente não esquecer os lixos urbanos (domésticos, industriais e hospitalares) e os esgotos que, frequentemente, poluem os cursos de água. Os lixos urbanos apresentam um duplo problema: retirá-los das vias públicas de modo a mantê-las limpas e dar destino (correcto) às centenas de toneladas produzidas diariamente por uma cidade.

Problemas sociais - Uma das razões do elevado crescimento urbano é a atracção que as cidades provocam nas populações de áreas rurais. Contudo as cidades não conseguem acomodar nem empregar todas essas pessoas que procuram na cidade a "ilusão" duma vida melhor. Forçados a sobreviverem e algumas vezes sem mais nenhum local para irem, surgem então os bairros de lata, sem condições, o desemprego, a carência de habitação, a promiscuidade, os assaltos, a droga, a prostituição, a delinquência juvenil, o alcoolismo, a desagregação familiar... e outros mais problemas. Estes males, que não escolhem raça, sexo, religião, ou nacionalidade, afectam sobretudo certas minorias (étnicas, raciais e culturais) que ficam em situação de exclusão social e levam algumas vezes a casos de racismo e xenofobia.

Abastecimentos - As cidades são centros de consumo por excelência e no seu interior pouco se produz, pelo que a maioria dos bens e produtos têm de vir do exterior e chegar aos centros consumidores a "tempo e horas". Dito por outras palavras, todos nós gostamos de comprar produtos frescos, mas estes não são produzidos nas cidades, pelo que se torna necessário criar condições para que eles cheguem atempadamente aos locais de venda, sem que, por exemplo, fiquem "presos" no trânsito urbano. Convém ter presente que na questão dos abastecimentos, não estão apenas os produtos alimentares (tais como leite, frutas, legumes, peixe, etc...), mas também água potável e energia.

Infra-estruturasCom o crescente aumento das populações urbanas, as infra-estruturas construídas rapidamente ficam ultrapassadas e sem meios de satisfazer as necessidades urbanas. Consideram-se nestas infra-estruturas as redes de abastecimento de água e electricidade, as redes de escoamento de águas (esgotos), os cabos de comunicações, e até a dimensão das vias de comunicação (estradas). A maior parte destas estruturas foi feita para servirem um determinado número de habitantes que, rapidamente é ultrapassado. Deste modo, surgem com alguma frequência cortes de electricidade, falta de pressão nos canos de água, dificuldades em fazer chamadas telefónicas, e canos de esgoto que rompem, pois não aguentam a pressão elevada de água que neles circula. Como consequência, assiste-se cada vez mais a obras de beneficiação destas infra-estruturas, de modo a podê-las ter a funcionar correctamente, para um cada vez mais elevado número de habitantes citadinos.
Espaços verdes - O crescimento das cidades leva à destruição de vegetação para poder haver espaço para a construção de variados edifícios e vias de comunicação. Como tal, começam a existir cada vez menos espaços verde nas cidades e, eles, são um bem muito precioso, pois além de ajudarem a renovar e purificar o ar, são igualmente áreas de descanso e lazer.

Equipamentos urbanos - Neste caso estão incluídos creches, hospitais, lares de idosos, escolas.... e as situações problemáticas são completamente opostas: ou há cidades que têm falta deles, ou há excesso de pessoas para os mesmos. Por exemplo, devido (em parte) à diminuição da natalidade, há muitas escolas que são forçadas (por razões económicas) a encerrar, forçando os (poucos) alunos que as frequentavam a irem para outras escolas, só que esta situação vai originar estudantes a mais nas escolas para onde são obrigados a ir.

Doenças - A vida para um citadino não é muito folgada. dum modo geral poder-se-á dizer que ele é um escravo do relógio... sempre a tentar cumprir horários, sempre a tentar chegar a horas para apanhar um determinado meio de transporte.... as situações de nervosismo e ansiedade que se vivem no trânsito das cidades (principalmente em horas de ponta), levam imensas vezes a situações de saturação e de stress. Isto pode ser o suficiente para originar outro tipo de doenças. A vida demasiado agitada também provoca, inúmeras vezes, a que haja falta de tempo para preparar refeições adequadas, ou mesmo para saborear e digerir convenientemente as refeições. Deste modo, muitos habitantes urbanos optam por refeições pouco saudáveis, pouco adequadas (em nutrientes) e, principalmente, que sejam rápidas (quer no tempo de espera das mesmas, quer no consumo)... entrou-se na era das fast foodA má alimentação, o pouco exercício físico e a saturação, o stress e ansiedade, podem ser as causas mais prováveis de doenças cardiovasculares, obesidade, esgotamentos. Algumas formas de poluição, como a atmosférica e a sonora, também podem conduzir a doenças respiratórias (como a asma) e a perturbações psíquicas.




Possíveis soluções para alguns problemas urbanos

A resolução de muitos dos problemas urbanos é um trabalho difícil e em constante actualização. Por um lado, devido à falta de espaço nas cidades, torna-se difícil arranjar soluções, por outro lado, algumas das medidas postas em prática têm-se mostrado ineficazes, pelo que se torna necessário arranjar outras propostas e soluções. Algumas delas poderão ser:


  • Planeamento urbanístico - onde se elabora um estudo aprofundado das das cidades, estabelecendo depois localizações específicas para as diversas áreas: de lazer, residenciais, administrativos, industriais;
  • Substituição dos bairros de lata por construções adequadas e/ou bairros sociais;
  • Diminuir a poluição - através de estações de tratamento de lixos (urbanos, industriais), bem como de ETAR's (Estações de Tratamento de Águas Residuais), substituição de lixeiras por outros meios de depósito e tratamento de lixos aterros sanitários, incineração, compostagem...), incentivar o uso de energias alternativas (renováveis) e de energias limpas (não poluentes), evitar o consumo desnecessário.
  • Incentivar o desenvolvimento de cidades de média dimensão, de modo a evitar que a atracção e concentração de populações se destine apenas a duas ou três cidades.
  • Criação de mais parques de estacionamento, bem como melhorar os transportes públicos (quer em quantidade, quer em qualidade) tornando-os mais atractivos para as populações.

Funções das cidades


Considera-se como "função da cidade" à actividade principal que leva a considerar esta ou aquela cidade "especializada" nessa mesma actividade. É claro que em todas as cidades existem inúmeras actividades (todas as cidades têm um pouco de todas as funções), contudo, há sempre uma delas que mais se destaca, e pela qual a cidade é conhecida e ganha fama.


Função político-administrativa - Esta é por excelência a actividade que caracteriza qualquer capital de Estado, pois costuma ser na capital do país, que se encontram a sede do Governo, bem como os centros de decisão das grandes empresas, banca, seguros, comunicações, embaixadas, etc...  No entanto, ao longo da História, muitas cidades surgem por simples vontade dos seus governantes. São inteiramente planeadas e criadas para satisfazer uma necessidade ou conveniência política, como por exemplo Madrid, que foi mandada erguer por Filipe II, para colocar a capital no centro geométrico da Península; Versailles existe por vontade de Luís XIV para ali passar férias; Brasília (inaugurada em 1960) foi ali construída numa tentativa de desenvolver o interior do Brasil e "descongestionar" o litoral.


Brasília 

Função industrial - Com a Revolução Industrial surgiram inúmeras cidades.... muitas delas entraram em declínio, com o esgotamento das matérias-primas e fontes energéticas que as "alimentavam", mas a maioria das cidades que foram fruto da expansão industrial, ainda tem como principal função, a indústria.  As indústrias são como imanes...são pólos de atracção de mão-de-obra e de outras indústrias que se interligam (bancos, seguros, transportes, alojamento, restaurantes....). Como exemplo de cidades industriais, podem-se citar: Sines, Barreiro, Estarreja, Manchester, Joanesburgo, Turim, Essen, Manheim, Estugarda, Lille, etc...



Industria

Função comercial - É talvez a função urbana por excelência. Muitas das cidades actuais com esta função, têm a sua origem na Idade Média, onde em certas localidades se realizavam feiras, que foram adquirindo importância e levaram à fixação de populações, que foram aumentando, até se tornarem em centros urbanos com importância (ex. Frankfurt, Bruxelas). Se essas primeiras cidades comerciais surgiram em locais que reuniam condições naturais para as trocas de produtos (cruzamento de caminhos, portos de litoral e fluviais), hoje, essas condições bem como os modernos aeroportos e locais específicos de transporte rodoviário e ferroviário, continuam a proporcionar condições para as trocas comerciais. Alguns exemplos: Marselha, Amesterdão, Colónia, Detroit, Dakar, Montreal.


Aeroporto de Frankfurt 

Função financeira - De grande importância na vida moderna, consiste na centralização em determinadas cidades, das actividades que movimentam grandes somas de dinheiro, tais como a banca, os seguros, as Bolsas de Valores (Chicago, Nova Iorque, Paris, Tóquio, Berna, Zurique...)


Bolsa de valores

Função de defesa (militar) - A maior parte destas cidades surgiu também na Idade Média, com as cidade-fortaleza, construídas preferencialmente no cimo de elevações, onde era edificado um castelo e rodeado por muralhas. Muitas das actuais cidades derivam deste factor: Bragança, Leiria, Roma, Toledo, Almeida, Elvas...


Castelo Almourol

Função cultural - Esta função relaciona-se com a edificação (também remontando à Idade Média) de universidades, conventos ou abadias, pois era o clero (naquela época) que detinha a literacia. Actualmente, para além de locais com famosas universidades, há ainda a acrescentar a cidades com esta função, locais de  investigação e centros de estudo: Coimbra, Oxford, Cambridge, Salamanca.


Universidade de Oxford 

Função religiosa- Surgiram em locais de "aparições", de importantes mosteiros, catedrais, etc... Estes locais são considerados importantes centros de fé e atraem milhares de peregrinos (gerando assim enormes receitas a outros serviços - alimentares, alojamento, comerciais, etc..). São exemplos cidades como, Fátima, Meca, Vaticano, Santiago de Compostela, Jerusalém, Lourdes...


Igreja ucraniana 

Função turística (lazer) - Engloba todas as cidades que reúnam boas condições climáticas quer para actividades de Verão, quer para actividades de desportos de Inverno, locais propícios ao divertimento e ainda locais termais. Côte D'Azur, "algarve", Saint Moritz, Nice, Monte Carlo, Las Vegas, ....
Teleférico do Guaruja